quinta-feira, 19 de maio de 2011

Lisboa: um encontro imediato



Numa noite boémia e amena de primavera em Lisboa , enquanto atravessava o miradouro de S. Pedro de Alcântara, que estava repleto de pessoas com as mãos e bocas ocupadas com garrafas de cerveja ou cigarros ou outras bocas, debrucei-me sobre a guarda do primeiro patamar a apreciar as luzes da cidade.

Reparei então num guarda , que sistematicamente impedia as “meninas” e os “meninos” que, por qualquer motivo, tinham vontade de ir para o segundo patamar do miradouro, que se encontrava interdito apenas por uma cancela que dava para as escadas de acesso e que qualquer um conseguia saltar.

Curiosa, meti conversa com o senhor pare perceber a razão de não ser permitido o uso daquela parte do miradouro. Eis quando fui surpreendida pela sabedoria deste guarda que, entre muitos ofícios por que passou, desde pedreiro a restaurador de monumentos antigos da cidade (a certa altura explicou minuciosamente como se fazia uma dobradiça em ferro forjado para uma porta de uma catedral e já a meio da explicação me tinha perdido nos detalhes construtivos e não consegui fixar a fórmula secreta…), me explicou que este miradouro, que pertence à Casa Pia segundo ele, há muitos anos que estava em risco de desabamento.

Por debaixo deste miradouro existia um fosso de mais de 40 metros dizia, que se desabasse arrastava muitos e muitos metros , como uma avalanche, de casario no vale que se encontrava à frente deste.

Como não havia dinheiro para restaurar o miradouro (o senhor guarda mencionou que tinham feito umas obras há uns tempos, transformando apenas a camada de terra batida numa fina camada de betão para “desenrascar” e tapar as rachas assustadoras para os turistas não desconfiarem de nada) pagaram a dois guardas para vigiar todas as noites a área em risco, pois bastava um pé mal colocado e alguém poderia desaparecer nas profundezas da Lisboa subterrânea…

E esta hein?!

Inês Sousa

19/5/2011

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